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Alguns minutos até Paris
por Alex Moura em 10-03-2012 22:38
atualizado em 10-12-2015 08:41
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E se as distâncias fossem medidas em minutos ao invés de quilômetros?
 

Alguns minutos até Paris

Paris é logo ali.

O dia 16 de Outubro de 2032 começou com muita chuva. De sua janela em Nova York, Nadine via ruas tranquilas. Era uma sexta-feira em plena hora do rush. O silêncio fez a moça querer dar uma volta no Champs-Élysées, em Paris. Vestiu um vestido florido e um chapéu de palha, comprado no Rio de Janeiro no dia anterior, e desceu para seu passeio. Não era uma caminhada longa, apenas quatro quadras de sua casa no Lower East Side em Manhattan até sua cafeteria favorita na Rue La Boétie.

Enquanto caminhava Nadine pensava em como sua vida havia mudado nas últimas semanas. Vender sua empresa foi um sonho que percorreu por vários anos. Mas, como todo sonho bom, quando acordamos sentimos falta. A sensação de realização do sucesso não era páreo para aquele vazio. Nadine teria que se redescobrir ou reinventar.

Em poucos minutos já estava numa estação de Portas, a mais próxima de casa. O cheiro de Paris já se misturava ao de Nova York, porque as Portas de número 16 a 24 ficavam sempre abertas. A 17 era a do Champs-Élysées. Só mais alguns minutos caminhando para saborear seu café com suaves bolinhos de nuvem, fresquinhos, recebidos de Lisboa alguns minutos antes. As distâncias agora eram contadas em minutos, e não mais em horas. As Portas eliminavam o espaço entre dois pontos, tornando qualquer lugar mera continuação de outro.

Nadine soube tirar proveito dessa nova realidade social e internacional e concebeu um serviço que eliminaria a necessidade de identidades e passaportes: uma rede social que era a nova forma de identificação global, instantânea e permanente.

Com o gosto do café nos lábios, ela esperava que algo ou alguém pudesse lhe mostrar o que fazer de sua vida. Amava os amigos e a família, mas sabia que a resposta não estaria com eles. Lembrou-se de um professor de desenho que afirmava que a melhor resposta para tudo era não saber a resposta para tudo. Mordia um bolinho de nuvem, quando então teve uma ideia.

Autor: Alex Moura

Comentários:

Sonia Moura comentou em 2012-08-06 18:57:03
Belo conto/crônica. Sensível e forte.
 

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